Amanda Bueno enviou mensagens pelo celular pedindo ajuda à família. Milton Vieira disse que teve um surto e que está arrependido
O corpo da dançarina de funk, assassinada pelo próprio noivo, foi enterrada em Goiás. O crime aconteceu na semana passada, no Rio de Janeiro. Horas antes de ser atacada, Amanda Bueno enviou mensagens de áudio pelo celular, pedindo ajuda à família.
O corpo da dançarina foi velado na cidade de Anápolis, onde ela viveu por quase dez anos. Depois, foi levado para a cidade de Trindade, na região metropolitana de Goiânia, onde a mulher nasceu.
A escolha do cemitério de Trindade atendeu a um desejo da mãe da dançarina. Ela queria que a filha fosse sepultada ao lado do pai e de dois irmãos, que também foram enterrados no local.
A família diz que a funkeira planejava levar a filha, de 11 anos, que é criada pela avó em Anápolis, para morar com ela em junho. Durante a despedida, a menina, Emily Cristina, não escondeu a tristeza.
A irmã da dançarina acompanhou, ao lado da mãe, a última conversa com Amanda. Segundo ela, a funkeira contou que estava tendo problemas com o noivo.
“Tá, mãe, tá decidido. Eu tô indo embora de amanhã pra depois, tá bom?”, disse Amanda Bueno.
A dançarina, nervosa, parecia ter pressa e pediu que a mãe desmarcasse uma viagem.
“Oh, mãe, eu nem vou te falar o que aconteceu, mas eu tô indo embora. Mãe, não viaja, por favor. Eu vou chegar em casa até sábado. Mãe, por favor, não viaja, não, que eu preciso chegar em casa e te dar um abraço, mãe”, disse a dançaria.
Depois disso, Amanda sumiu do telefone. “Aí o telefone dela não dava mais nada. A gente tentou, tentou; mas, não conseguiu mais contato com ela”, conta Valsirlândia de Sena, irmã da dançarina.
Horas depois, a mulher de 29 anos foi agredida e assassinada a tiros, segundo a polícia, pelo noivo, Milton Severiano, na casa onde eles moravam em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. O homem também é suspeito de ter roubado um carro para fugir e foi preso depois de capotar o veículo.
De acordo com a irmã, essa não foi a primeira vez que Cícera, nome de batismo da dançarina, e o noivo tiveram problemas. No começo deste ano, Dêga, como a mulher era carinhosamente chamada pela família, ameaçou se separar de Milton e ele teria ateado fogo no próprio corpo.
“Eu falei para ela: Dêga, se uma pessoa chega nesse estado de tacar fogo em si próprio, vem embora minha irmã. Não fica aí não que para fazer com vc não custa nada. Ela disse: não minha irmã, vou só esperar ele sarar para eu vir embora. Mas, nunca vinha, nunca vinha, como se ela tivesse presa lá dentro mesmo”, diz Valsirlândia de Sena, irmã da dançarina.
Milton Vieira confessou o crime, disse que teve um surto e que está arrependido. Ele foi indiciado por homicídio qualificado e por porte ilegal de arma.
(G1/Cassiano Rolim/Trindade, GO)