21ª edição da encenação foi realizada no Eco Parque Cimba; novidade neste ano foi a encenação do milagre da multiplicação dos peixes
A encenação da Via Sacra levou mais de seis mil pessoas ao Eco Parque Cimba, na última sexta-feira, 30 de março, para assistir aos passos de Jesus Cristo, do batismo até sua ascensão ao céu. Esta foi 21ª edição do evento, a 3ª realizada no Parque Cimba. Reinventado todos os anos, o espetáculo continua emocionando o público e além de um momento de fé, é de concentração para os 300 atores e mais 50 técnicos de produção para realização dos movimentos com sucesso.
Nem mesmo os raios e as nuvens carregadas que se aproximavam espantaram o público antes do final da peça. Para a professora Rafaella Kalil, 27 anos, o tempo deixou o espetáculo mais bonito e emocionante. “Sempre a lembrança da maior prova de amor me toca profundamente, desde criança quando ocorria na Vila Aliança. Vai além da peça. É a força da fé que passa de geração a geração”.
A dedicação nos ensaios trouxe desenvolvimento pessoal para o cortador industrial Jefferson Rodrigues da Silva Miguel, 19 anos, que interpretou João Batista. Pela primeira vez no teatro, ele conta que era introspectivo, mas desde o início sentiu sua inibição desaparecendo. “Eu achei que estaria nervoso hoje, mas estou muito tranquilo. Logo no começo dos ensaios já senti essa confiança”.
Há também quem sempre sinta frio da barriga a cada apresentação. Com 15 anos de peça, a doméstica Marilene Ananias, 38 anos, é a “vovó” da trupe. Ela interpreta Barrabás há seis anos como desafio na atuação. “Eu gostaria muito de ser atriz e por isso faço um personagem homem, pelo desafio. Todas as vezes que subo ao palco é como se fosse a primeira. A Via Sacra é tudo para mim”.
Via Sacra
A Via Sacra de Araguaína é considerada um dos maiores espetáculos a céu aberto do Tocantins. Nesta edição foram usadas sete estações diferentes, entre morro, chão e cenários. O diretor geral da encenação, Paulo Egídio, diz ser importante reescrever o roteiro baseado no texto original.
“Esta é a décima vez que participo, a terceira como diretor geral, e é sempre um desafio organizar, mesmo com os atores veteranos. A emoção precisa de algo novo e o público sempre espera mudanças”, descreve Egídio. Ainda conta que a principal diferença neste ano foi a adição da cena da multiplicação dos peixes.
As cenas têm vários personagens que retratam momentos importantes da vida de Jesus Cristo, como por exemplo o batismo, a Santa Ceia e a cura de um cego. AVia Crucis é um dos destaques da peça, saindo da área dos palcos e caminhando entre o público até o morro para a crucificação.
A peça teatral é uma organização da Prefeitura de Araguaína, por meio da Secretaria da Educação, Cultura, Esporte e Lazer, com apoio das secretarias da Infraestrutura e da Saúde, além da Agência de Segurança, Transporte e Trânsito (ASTT).
(Flávio Martin/Foto: Marcos Filho Sandes)