Recém formado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Brasília (UNB) e com apenas 21 anos de idade, Pedro Henrique Rodrigues Guimarães é um exemplo de que não é necessário abrir mão de uma vida social para alcançar aquilo que se almeja. Em vez de abdicação, a palavra de ordem do recém aprovado no concurso do Tribunal de Contas da União (TCU) é organização.
Morador de Brasília, Pedro já foi aprovado em 12 concursos entre os anos de 2011 e 2013. Sua primeira aprovação foi para técnico administrativo do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), seguido pelas aprovações nos concursos de Técnico Bancário da Caixa Econômica Federal; Analista de Contabilidade do Tribunal Superior do Trabalho (TST); Técnico Administrativo da Agência Nacional de Águas (ANA); Analista do Ministério da Justiça; Técnico Administrativo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); Analista de Contabilidade do CNJ; Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU); Analista de Planejamento e Orçamento do MPU; Técnico Administrativo da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); Analista de Contabilidade da Anvisa; e o mais recente e almejado Auditor Federal de Controle Externo do TCU.
Mas engana-se quem acha que a vida deste concurseiro foi apenas de aprovações. Acompanhe nossa entrevista e veja que para alcançar esse objetivo é necessário, principalmente, muito estudo e disciplina.
Estratégia Concursos (EC): Seus pais ou familiares próximos são servidores públicos?
Pedro Henrique (PH): De mais próximo, minha mãe, irmã e namorada. Todos trabalham em um banco público. Tenho alguns tios e primos que também são servidores
EC: Quando descobriu que queria ser servidor público? Isso influenciou na sua decisão em qual curso fazer na faculdade ou veio depois?
PH: Quando comecei a pensar em vida profissional isso me influenciou e decidi seguir essa carreira também. Escolhi o curso de contábeis pela relação com essa área. Por influência da minha família, acabei optando por trabalhar em um banco também, mas não curti muito o trabalho de lá. E foi nesta mesma época que recebi o edital do Senado. Depois da reprovação na prova de técnico do TCU (a principal, dentre todas do currículo) comecei a ler sobre as carreiras do serviço público e a que mais gostei foi, de fato, a dos tribunais de contas.
EC: Há quanto tempo se prepara para o TCU?
PH: Antes de entrar no banco que trabalhei nunca havia estudado para concursos. Logo depois que entrei saiu o edital do Senado, me interessei (inicialmente pelo salário) e fui estudar. Não tinha nem ideia do que tava fazendo e claro que nem tive a redação corrigida. Depois disso veio uma época sem muitos concursos. Parei de estudar e só voltei quando saiu o edital pra Técnico do TCU, em Julho de 2012. A partir daí que os estudos para concurso entraram na rotina.
Estava confiante que já entraria no TCU em 2012, mas fiquei longe de passar. O desempenho tinha sido melhor do que no Senado, mas mesmo assim ainda fiquei com pontuação negativa em constitucional, por exemplo. Depois dessa reprovação, tive que parar para pensar no que fazer e qual seria meu foco. Li vários artigos, depoimentos e tópicos do fórum e decidi pelo TCU, que tinha previsão de edital em um prazo razoável. Contando todo o tempo que estudei, deu um total de um ano e cinco meses.
EC: Como se organizou para os estudos? Quantas horas você estudava por dia/semana?
PH: Durante esse um ano e cinco meses testei vários métodos de estudo. Em cada reprovação eu mudava para ver se começava a dar resultados. Em Abril/2013, depois de ter me dedicado pra prova de analista da STN e não ter ido tão bem, foi que comecei a usar o método que realmente funcionou pra mim. Fiz aquele ciclo de disciplinas e comecei a contar as horas que estudava. Isso facilita demais a criação de metas e a organização dos estudos e, além disso, você começa a perceber o tempo que desperdiça sem fazer nada. Antes do edital minha meta era estudar 24horas por semana, daí se estudasse uma hora a mais ou a menos num dia, compensava no outro. Depois que comecei a contar o tempo, de acordo com a planilha que usei, a média foi de 4h de estudo por dia. Estudava todos os dias, mas variava muito. Tinha dia que estudava 8h, mas já tiveram alguns que estudava só meia hora.
EC: Você prefere estudar por cursos presenciais ou cursos on-line?
PH: Entre os dois, eu prefiro os cursos online. Curso presencial só vale a pena se o professor for realmente bom. E, mesmo se for o melhor professor, só o cursinho não é suficiente. Esse tipo de aula é bom para dar base quando você nunca estudou a matéria, mas é o estudo por conta própria (em casa, na biblioteca, etc) que faz uma pessoa ser aprovada.
EC: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um? Ao estudar por cursos em. Pdf, você imprimia ou lia tudo na tela do computador?
PH: Até encontrar o melhor jeito de estudar passei por todos esses materiais. As aulas presenciais, como falei, são boas pra orientar o estudo em uma matéria nova, mas dependendo do professor consomem tempo que poderia ser aproveitado em casa.
Pra mim, os principais materiais foram os livros e os cursos em pdf. Usei livro pra algumas matérias (administrativo, constitucional e controle externo) e para as demais usei só os cursos em pdf, que lia no computador mesmo.
A vantagem dos cursos em pdf é que o trabalho de separar os tópicos mais importantes de cada conteúdo fica com o professor. Você já pega a aula mastigada e economiza muito tempo. Já vi gente dizer que hoje em dia os cursos em pdf estão superficiais e não estão dando conta das provas, só que pra mim essa ainda é a forma mais eficiente de estudar para concurso.
EC: Como conciliou seus estudos para concurso com os estudos da faculdade?
PH: Entre esses dois, minha prioridade era o estudo pra concurso. Deixava a faculdade chegar ao limite para estudar as matérias de lá. Enquanto estava nas aulas aproveitava o silêncio e me dedicava aos concursos. Em 2013 foi o último ano de faculdade, fiz as matérias mais pesadas e a monografia. Não dava para deixar totalmente de lado, porque se passasse no TCU precisaria estar formado. Acabou que consegui levar os dois estudos, sempre deixando a faculdade para última hora. A vantagem é que havia muitas matérias em comum entre os dois (contabilidade geral, contabilidade pública, custos, etc.)
EC: Apesar da dedicação para o concurso, você acha que conseguiu/está conseguindo aproveitar sua juventude? Você precisou abrir mão de tudo?
PH: Acho que essa é a fórmula que me fez passar. Sempre tentei abrir mão do menor número possível de coisas pelos estudos. Nesses últimos tempos procurei conciliar trabalho, faculdade, amigos, namorada e estudo para concurso. O professor André Luis (do curso Cathedra) sempre falava uma verdade nas aulas dele. No dia de 24h você gasta 8h para dormir e 8h para trabalhar. E as outras 8h? Se você usar quatro ou cinco delas pra estudar já é suficiente. No meu caso, eu gastava 7h dormindo e 6h trabalhando. Usava o tempo da faculdade para estudar para concurso e sobrava, com folga, tempo livre para sair todo dia. Como não era todo dia que tinha alguma coisa programada, usava dias da semana mais tranquilos, como as segundas-feiras, para estudar a mais e compensar as saídas dos finais de semana.
Os depoimentos que eu já li também provam isso. Se existe gente casada, trabalhando e com filhos que passa em concurso, não tem porque deixar de usar um tempo para tomar uma cerveja, ir para o cinema, viajar… O segredo é compensar essas horas em um dia que não tiver nada pra fazer.
Dedicar todo o tempo para estudo e trabalho deixa qualquer um louco. Se você não fizer o que gosta o estudo começa a se tornar ainda mais chato e rende cada vez menos.
EC: Agora que aprovado no concurso do TCU, quais são seus planos para o futuro? Pretende ainda estudar para outro concurso? Ou vai dar uma pequena pausa nos estudos e aproveitar a vida?
PH: Desde 13 de outubro de 2013 (dia da prova do TCU) que eu parei de estudar para concursos. Tirei folga até o dia do resultado e, graças a Deus, não precisei mais mexer com a planilha de horas de estudo. Quando for estudar algum assunto, vou fazer isso sem aquela obrigação que tinha antes.
Ainda tenho muito tempo pra pensar se quero algum outro concurso, mas hoje eu já to satisfeito até demais! Considerando as atividades, a remuneração e o clima de lá, acho que não existe outro órgão melhor que o TCU.
EC: Para terminarmos essa entrevista, deixe uma mensagem para nossos amigos que almejam conquistar o tão sonhado cargo público!
PH: Estabeleça uma meta de horas de estudo por semana e trabalhe para cumpri-la sem prejudicar o lazer. Como já disse, uma média de 4h ou 5h por dia antes do edital sair é suficiente e se você estudar a mais em um dia, pode compensar no outro.
Outra coisa é estudar sempre que estiver disponível. Qualquer meia hora numa sala de espera de médico, no trânsito ou no horário de almoço deve ser aproveitada (seja lendo um resumo ou ouvindo uma aula no carro). O tempo de vida que deve ser sacrificado é esse e não o das festas e viagens.
Finalmente, tenha na cabeça a certeza de que quem não para de estudar passa no concurso que quiser. Independente do tempo, quando a pessoa menos espera os resultados começam a aparecer.
(Estratégia Concursos)