Denúncias de suspensão de cirurgias no Hospital Regional de Araguaína levaram a Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) a realizar uma vistoria surpresa na noite da última sexta-feira, 29. A equipe do Núcleo Aplicado das Minorias e Ações Coletivas (Nuamac) verificou falta de diversos medicamentos e até de produtos básicos de limpeza, além de questões estruturais que também foram apontadas pelos trabalhadores de saúde.
Os principais medicamentos que estavam em falta foram antibióticos, antipsicóticos e alguns básicos para pressão alta, diabetes e dor, assim como os que são utilizados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) como anticoagulantes e bicarbonato de sódio, que pela falta do medicamento o paciente pode ter um mau prognóstico.
O coordenador do Núcleo, defensor público Pablo Chaer, destacou que a falta de medicamentos essenciais tem ocasionado a paralisação de cirurgias e o tratamento contínuo dos pacientes, conforme denúncias de assistidos.
Durante a vistoria, chamou à atenção a ausência de insumos para cuidados de higiene hospitalar. Todos os setores vistoriados não tinham caixas coletoras específicas para os materiais perfurocortantes, sendo improvisadas em caixas de papel comum ou recipiente plástico. Também nos setores foi improvisado um pano único para secagem das mãos, uma vez que faltava papel toalha. A UTI 2, especialmente, está operando com sérios problemas de contaminação, visto que o descanso da equipe de saúde tem passagem física pelo expurgo – local destinado a resíduos hospitalares.
“Há falta crônica de materiais de higienização como papel toalha, sabão, álcool, luvas de tamanhos adequados, pois as que estavam disponíveis dificultavam a precisão do profissional de saúde por serem apenas de tamanho grande e não servir para alguns profissionais”, relatou o defensor Pablo Chaer.
O gerenciamento dos leitos é outro ponto que será apontado no relatório da DPE-TO. Por uma questão de regulação interna, havia leitos vagos na ala de ortopedia, enquanto várias pessoas estavam internadas nos corredores. Da mesma forma, a regulação dos leitos de UTI, que é feita pela gestão Estadual em Palmas, e estaria dificultando a liberação de leitos na unidade em Araguaína.
Após vistoriar as unidades do HRA e ver in loco a situação do hospital, a DPE em Araguaína, por meio do Nuamac e Defensorias de Fazenda Pública, vai oficiar a gestão Estadual para cientificar sobre a ausência de medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, bem como o funcionamento estrutural, e aguardar providências dentro de um prazo razoável e, em caso de omissão do Estado, ajuizar Ação Civil Pública para obrigar o Estado a fornecer o mínimo para o tratamento adequado dos pacientes.
(Keliane Vale)