Estado vai reformar Caps II de Araguaína e melhorar rede de assistência a saúde mental

Estado vai reformar Caps II de Araguaína e melhorar rede de assistência a saúde mental

A saúde mental na cidade de Araguaína foi tema de audiência pública realizada na Câmara de Vereadores da cidade, nessa terça-feira, 14. O município tem enfrentado dificuldades, principalmente, por conta da estrutura precária em que se encontra o Centro de Atenção Psicossocial (Caps II).

Na ocasião, a promotora de Justiça, Araína Cesárea D’Alessandro, destacou o não cumprimento de acordo estabelecido com a gestão passada, no ano de 2013, para atendimento às pessoas que sofrem com transtornos mentais.

”Nessa época, foi firmado acordo para que o Estado cumprisse algumas coisas, construísse duas residências terapêuticas em Araguaína, oferecesse um espaço no HRA para os pacientes que se encontrem em surto, além de licitar e contratar uma clínica para pacientes que precisassem de internação de longa permanência. Esse termo foi homologado e não foi cumprido. O que foi construído foi uma ala no HRA que não atende a contento. Essa situação não pode continuar e a gente espera e acredita que essas políticas aconteçam”, destacou.

O secretário de Estado da Saúde, Samuel Bonilha, aproveitou a oportunidade para explicar as dificuldades que foram encontradas no serviço e o que já está sendo feito para melhorar a situação.  “A obra de reforma do prédio onde funciona o Caps já foi orçada e a licitação já vai ocorrer. Queremos com a máxima urgência melhorar as condições daquele espaço. O que nós precisamos em Araguaína é reestruturar e melhorar as condições do Caps. Para isso, primeiro precisamos reformar o prédio, segundo, alocar mais servidores para que a quantidade de profissionais seja suficiente para o funcionamento em 24 horas. Nesses dois pontos já estamos trabalhando”, destacou o secretário.

O autor do requerimento que solicitou a realização da audiência pública, vereador Ferreira Barros Filho, o Ferrerinha, destacou que é grande a quantidade de pacientes com transtornos mentais que ainda estão sem acolhida no município. “É fácil observar a quantidade de pessoas que sofrem com esses problemas e que andam pelas ruas. Essas pessoas têm que receber uma atenção, por isso esse debate. Araguaína fica muito feliz com a presença do secretário e vamos juntos dividir as responsabilidades e buscar soluções”, informou.

Para o presidente da Câmara de Vereadores, Marcos Marcelo, a presença do Governo do Estado, na Casa, mostra a boa vontade e o desejo de resolver essas questões. “Nós nunca tivemos a honra de receber o secretário de Saúde para olhar nos olhos das pessoas e poder fazer um debate sério sobre esse assunto. Vir a Araguaína, fazer visitas, conhecer as unidades, demonstra boa vontade e desejo de melhoria”, disse.

Construindo diálogo

Também presente na audiência, o secretário de Saúde de Araguaína, Jean Luis Coutinho, destacou a aproximação com a gestão estadual e reforçou que Araguaína está de portas abertas para uma pactuação com vistas na melhoria da assistência àqueles que sofrem com transtornos mentais. “Já tivemos três encontros e já disse ao secretário que Araguaína está de portas abertas para resolver um problema que é único, que é do usuário, preocupação do Estado e do Município. Nós já discutimos vários pontos e estamos construindo um diálogo. Precisamos delimitar nossas responsabilidades e solucionar problemas”, disse o secretário.

Acompanhando a agenda de compromissos do secretário Bonilha na cidade de Araguaína e presente na audiência, o secretário de Articulação Política, Paulo Sidnei, reforçou que a política de atenção à saúde mental funciona como uma rede e que precisa da colaboração de todos os entes. “Todos têm que dar sua parcela de contribuição para que possamos melhorar essa assistência e o papel que cabe ao Estado vai ser feito”, ressaltou.

Ainda durante a sessão, a gerente da Rede de Atenção Psicossocial da Sesau, Ester Maria Cabral, explanou sobre o funcionamento da rede no Estado e destacou que o Caps II atende pessoas com sofrimento e/ou transtornos mentais graves e persistentes. O Centro existe em Araguaína, Palmas, Dianópolis e Porto Nacional. A audiência também contou com a presença de usuários do Caps, populares e técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Visita

Para conhecer melhor a situação de como vivem as pessoas com transtornos mentais em Araguaína, o secretário Samuel Bonilha fez uma visita ao prédio onde funciona o Caps. No local, o secretário conversou com usuários, ouviu as demandas, conheceu as instalações e garantiu melhorias no local. “A licitação para reforma do local já está correndo porque queremos melhorar a situação dessas pessoas. Vamos ver o que falta de insumos, o que podemos fazer para trazer mais profissionais para atender na unidade, mesmo com a dificuldade de se conseguir mão de obra. O que queremos é que logo essas pessoas possam ser atendidas em uma melhor estrutura”, disse.

Segundo o professor Amésio José Sobrinho Neto, usuário do Caps há oito anos, muito ainda tem que ser feito para a melhoria do serviço, mas a preocupação do Governo do Estado já gera boas expectativas. “Estou aqui desde 2007, quando tive problema de depressão. Nesse lugar, fui muito bem atendido e aqui continuo sendo acompanhado. É claro que precisamos de mais equipamentos, mobiliário, profissionais, mas a equipe aqui é excelente e a vinda do secretário dá esperança de que as coisas vão melhorar. Desde que frequento aqui é a primeira vez que vejo um secretário visitando esse local.”, reforçou.

Rosângela Magalhães Nunes, coordenadora geral do Caps, destacou a importância de melhorias, tendo em vista que o plano terapêutico do paciente que utiliza o serviço não é apenas medicamentoso. “O tratamento envolve outros elementos, as oficinas, as rodas de conversas, o que precisa de estrutura. O Caps é a grande mãe daqueles que são excluídos da família, por isso precisamos de atenção”, explicou.

Somente neste ano, de janeiro a março, já foram atendidos 1.305 pacientes no Caps. Na unidade, os usuários são recebidos com café da manhã e devem deixar o espaço logo após o lanche da tarde, já que o serviço não funciona 24 horas.

(Sara Cardoso)

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