Pesquisa da Ipsos (Especialista em Pesquisa de Mercado e Opinião Pública), divulgada em outubro, revelou que 54% dos brasileiros mencionaram a saúde mental como o principal problema de saúde do país. O estudo também revela que 74% dos brasileiros pensam “com muita frequência” sobre seu bem-estar mental. Segundo levantamento da organização americana National Alliance on Mental Illness, 64% das pessoas que vivem com questões de saúde mental afirmam que as festas de fim de ano agravam os sintomas.
O mês de dezembro tende a concentrar uma série de fatores que podem comprometer o bem-estar emocional. Entre as principais causas estão o fechamento de ciclos, a sensação de metas não cumpridas e a sobrecarga de demandas sociais e profissionais, segundo o psiquiatra, cooperado da Unimed Goiânia – Cooperativa de Trabalho Médico, Dr. Flávio Augusto de Morais.
“As pessoas fazem um balanço do ano e, muitas vezes, percebem que não conseguiram atingir todas as metas planejadas. Essa sensação de incompletude pode fazer com que a pessoa se sinta incapaz. Principalmente aqueles com perfil perfeccionista têm dificuldade de entender que não conseguimos atingir plenamente todas as programações”, explica o médico.
Outro fator mencionado pelo psiquiatra são as questões simbólicas relacionadas às festas. “O Natal e o réveillon remetem a pessoas que já partiram, entes queridos que não fazem mais parte dessas comemorações. Isso pode desencadear tristeza e dificuldade de perceber sentido na situação”, afirma.
Sinais de alerta
O especialista orienta que qualquer percepção de prejuízo físico ou emocional nesta fase do ano merece atenção. Entre os sinais estão cansaço extremo, sobrecarga, dificuldade para realizar atividades habituais, alterações no sono (insônia ou sonolência excessiva) e mudanças no apetite.
“Muitas vezes, esses limites são forçados porque a pessoa quer atingir determinadas metas no trabalho. Esse fechamento do final do ano pode ser um período em que se trabalha mais, fazendo horas extras para conseguir atingir objetivos, o que piora a saúde física e emocional e pode prejudicar o início do próximo ano”, alerta Dr. Flávio.
O especialista adverte para o papel das redes sociais nesse processo. “As redes sociais são máquinas produtoras de comparação contínua. Se você diminui a exposição a redes sociais, melhora a sua saúde mental, porque passa a se comparar menos. Você diminui expectativas e frustrações”, explica.
Ações práticas para preservar o bem-estar
O especialista recomenda algumas medidas para atravessar o fim de ano com mais equilíbrio emocional:
- Ter bom senso sobre o que é possível atingir e entender que não é necessário responder à expectativa de todos;
- Compreender que o ser humano é limitado e imperfeito, e que não atingir todas as metas não significa fracasso;
- Estabelecer metas factíveis que façam sentido pessoal, e não apenas por comparação social;
- Reconhecer que fatores externos, fora do controle individual, podem impedir o alcance de objetivos;
- Buscar apoio de pessoas queridas ou ajuda profissional quando necessário.
“É importante relativizar. Compreender as limitações inerentes à vida faz com que a gente tenha uma condição emocional melhor, porque passamos a nos cobrar menos e a dar menos importância para aquilo que vemos na rede social. Você passa a entender que aquilo não é o real e que não precisa atingir aquilo”, conclui o psiquiatra.
(Ageu Macedo)
Atualizado em 15/12/2025 por Redação


