A venda de celulares se desacelerou no ano passado, em meio ao esfriamento da economia brasileira e à maior presença dos smartphones, que, mais caros, levam mais tempo para serem trocados.
Porém, a participação de smartphones cresceu de 53,7% em 2012 para 77,5% no ano passado.
Enquanto que a participação dos celulares básicos, que era de 46,3% do total em 2013, despencou para 22,5% no ano passado.
Segundo a consultoria IDC Brasil, o total de aparelhos móveis vendidos, incluindo smartphones e celulares básicos, cresceu 7,2%, ante 12,7% em 2013.
Mesmo assim, a desaceleração, de acordo com o estudo, foi puxa- da pela queda das vendas dos celulares básicos –também chamados de features phones. Esses aparelhos até podem ter acesso à internet, mas em geral não permitem baixar aplicativos, por exemplo.
Em 2014, foram comercializados 15,8 milhões de celulares básicos, queda de 48,1% ante 2013 (30,4 milhões).
O aumento da venda de smartphones, no entanto, não foi suficiente para manter o ritmo de expansão do mercado em geral. Em 2014, foram comercializados 54,5 milhões desses aparelhos mais sofisticados, alta de 54,8% ante 2013 (35,2 milhões).
CAUTELA
Além de o smartphone “durar” mais tempo nas mãos do consumidor, o cenário econômico também desfavorece o mercado de celulares, já que os consumidores ficam mais cautelosos na hora de comprar, de acordo com Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
O perfil atual dos aparelhos também contribui para a desaceleração das vendas totais, diz Leonardo Munin, analista de mercado de celular da IDC Brasil.
“No passado, as pessoas tinham dois ou três aparelhos para usarem chips de diferentes operadoras. Hoje, com dispositivos dual chip [que comportam dois chips], passam a ter um celular só”, afirma Munin.
“Assim, o consumidor prefere segurar o dinheiro para comprar um celular mais robusto, que é muito mais caro do que celulares básicos.”
Com a economia enfraquecida e a maior consolidação dos smartphones, o IDC prevê que o aumento das vendas desses aparelhos se desacelere neste ano, para 16%.
Já o outro estudo, da consultoria Gartner, mostra queda de 11,4% nas vendas de aparelhos no país em 2014 (63,4 milhões de unidades) ante 2013 (71,6 milhões).
(Folha/RENAN MARRA DE SÃO PAULO )